Vampiros

Em uma noite onde o vento parecia querer se vingar.

As estrelas se escondiam em meio a nuvens medonhas.

Nuvens brandas enfumaçando toda uma cidade.

A paixão se encontra em nós.

Nossos corpos quentes misturando-se e tornando-se um.

A sua brava força me desejando e meus delírios exalando.

Seus olhos como os de um lobo faminto, me devorando.

Nessa noite brindávamos o prazer e comemorávamos o desejo.

Parecíamos velhos amantes.

Jamais imaginei estar gozando de um prazer juntos.

Pois antes, éramos apenas bons amigos.

Mila Renata Palaretti

SEJA O QUE FOR ME FALE!

Sei que faço bobagens,

São razões para mostrar,

Que estou amedrontada.

Estou perdida em mim mesma,

A espera de você me salvar,

Sem amarras, sem nada.

Como um belo herói,

Você diz que não entende,

Mas eu mostrei o que pude.

Sinto muito por isso,

Falar não foi fácil,

Despertar para não ver.

Quem diz ser o que não é?

Eu digo o que sinto,

E isso machucou você.

Mentir não é a solução,

Brincar comigo não é opção,

Seja o que for me fale!

Nesse jogo de quem sai perdendo,

Nós dois acabamos sofrendo,

Seja o que for me fale!

Deixe que o medo nos mostre

O quanto somos covardes,

Mas ame e fale!

O tempo não foi amigo,

Passaram-se anos,

Mas ame e fale!

Talvez sejamos fracos,

Talvez devêssemos reagir,

Seja o que for me fale!

Mila Renata Palaretti

Quem diz ser 50?

Até ontem desfilava charme.

Possuía convicção de cuidado.

Tratava a vida com vigor.

Mas hoje é o meu auge.

Chegou a minha idade.

Conquistei o que me é caro,

Sabedoria, paz, tranqüilidade.

A vida agora é que nasceu.

Na beleza de envelhecer digna.

Carrego comigo a passagem.

Mostrando na face que sofri,

Mas venci, colho hoje os frutos,

De uma plantação perfeita.

Tendo a certeza que tudo,

É melhor do que parece.

Chegou meus cinqüenta,

Na felicidade que chegou um dia,

Na semelhança do prazer dos vinte,

Na conseqüência dos trinta,

Na serenidade dos quarenta,

Chegou o meu nascer.

Agora de grandes bênçãos,

A vida mais pretendida.

Com tudo que me é direito.

De Mila Renata Palaretti.

O RENASCER

Habituada a viver sem existência.

Desejando ser mais que o acaso.

Fardada ao improviso do medo.

Sofrendo pelo improvável.

Renascer era preciso.

Quando a luz chegou a mim.

Senti seu calor atravessando.

Da ponta da cabeça aos pés.

Ela me tomou por inteiro.

Uma luz purificadora.

Raciocínio lógico nenhum havia.

Sensação inovadora, precisa.

Atingindo em cheio meu eu.

Iluminando e desanuviando.

Sentir era preciso.

Quando recuperei a visão.

Lá estava eu existindo.

Via com clareza o desapercebido.

Sentia com todo o corpo.

Renasci nesse instante.

De Mila Renata Palaretti