Coadjuvante de minha peça.

Há algum tempo estive sozinha e perdida.

Não sei bem a quem recorrer.

Geralmente é a mim que recorrem.

Sem rumo certo, me sinto vagando em vida,

Até que meu dia chegue.

Conto apenas com o pouco de esperança que me resta.

Talvez minhas lutas externas tenham falhado.

E se tornado insaborosas.

Talvez não me agregaram as lutas vencidas.

Talvez tenha sido tudo em vão.

Apesar da pouca idade, muito me foi tirado bruscamente.

Nem mesmo posso me lamentar.

Guardo lembranças doces de minha infância e juventude.

E delas que tenho vivido ultimamente.

Será que as histórias das quais vou recordar serão sempre essas?

Não terei eu a possibilidade de viver algumas mais?

Queria poder viver meu hoje com maior intensidade.

Com momentos esquisitos, apaixonados e inesquecíveis.

Mesmo que seja feitos para recordar-me.

Essa constante ação de levantar, sonhar e dormir,

Tem me feito zumbi de minha própria história.

Não sou eu apenas coadjuvante de minha peça?

Não digo que vivo, mas apenas espero algo que nunca me seja dado.

O que queres de mim?

Há muito me pergunto isso.

Assim continuo a espera de me tornar a principal atriz de meu palco,

A rainha de minhas decisões e a mestre de minha vida.

Porém, me sinto apenas participando, nem especial, nem atuante.

Mila R. Palaretti